Ao longo das últimas décadas, os carros modernos melhoraram muito no comportamento dinâmico. Não foi apenas pelas suspensões, que praticamente não mudaram. Além disso, a eletrônica corrigiu instabilidades e limitou riscos. Antes, porém, era comum encontrar “características técnicas” que tornavam a condução mais desafiadora.

GM: subesterço quase inevitável
Todo carro dianteiro da GM apresentava comportamento subesterçante. Kadett, Monza, Vectra, Corsa… ao entrar rápido numa curva, eles “saíam de frente”. No entanto, bastava aliviar o acelerador e virar o volante que voltavam ao trilho. Para motoristas leigos, era mais fácil corrigir que uma saída de traseira.
No autódromo, porém, essa tendência se tornava irritante. No Kadett, na curva do Laranjinha em Interlagos, a frente apontava para o muro. Era preciso tirar o pé e virar o volante até que o carro se aprumasse.
Ford: conforto com balanço exagerado
Os Ford da família Corcel tinham molas e amortecedores muito macios. Curvas acentuadas faziam o carro adernar bastante, quase como um veleiro. Para quem apreciava conforto, era ideal. Já para quem buscava dirigibilidade firme, não era.
Fiat: suspensão traseira saltitante
O Uno e o Mille tinham suspensão traseira curta, quase como uma bolinha de ping-pong. Assim, em curvas rápidas, a roda traseira se erguia facilmente. Em Interlagos, durante um evento com 22 carros 1.0, o Mille levantava duas rodas do lado direito a 50 km/h, sem perder aderência.
Volkswagen: leve sobreesterço
Os modelos Volkswagen tinham comportamento levemente sobreesterçante. Quando se aliviava o acelerador, a traseira se deslocava, exigindo correção no contraesterço. Para entusiastas, era divertido. No entanto, motoristas inexperientes podiam se assustar.
Importados: peculiaridades também existiam
Carros importados também apresentavam particularidades. No Renault Mégane 1995, testado em estradas sinuosas no sul da Espanha, a traseira se soltava quando se tirava o pé no meio da curva, exigindo cruzar os braços no volante.
Nos Citroën mais antigos, o pedal de freio tinha curso praticamente inexistente. Ou seja, o motorista não tinha o “ponto de atuação” familiar, o que exigia atenção redobrada.
Experiências em pista
Em testes com BMW M3 e Mercedes C36 AMG em 1997, por outro lado, a traseira de ambos os carros se tornava instável em retas molhadas. O aquaplaning era intenso, mesmo com potências de 280-300 cv. Por isso, era preciso reduzir bastante a velocidade e ter atenção total.
No caso do Alfa Romeo 164 24V, a traseira balançava sozinha acima de 200 km/h em curvas constantes. Embora fosse espetacular, exigia cuidado extremo.
Hoje, esses “vícios” quase desapareceram. Graças à eletrônica de estabilidade e controle de tração, os carros modernos são muito mais previsíveis. A experiência dos anos 90 era diferente: cada fabricante tinha sua “assinatura” de comportamento. GM subesterçante, Ford macio, Fiat saltitante, VW sobreesterçante, e importados com características próprias.
Então, nos carros modernos, você ainda encontra algum modelo com esse nível de peculiaridade? Em qual?