A Ford anunciou a suspensão temporária da produção da F-150 Lightning, sua picape totalmente elétrica, na planta de Michigan, nos Estados Unidos. O motivo é um incêndio em uma usina de alumínio da Novelis, fornecedora da marca localizada em Nova York, que comprometeu o fornecimento de componentes essenciais.

Produção interrompida e foco em modelos a combustão
Mesmo antes do incidente, a produção da F-150 Lightning já vinha enfrentando paradas ocasionais. Além disso, as vendas da picape elétrica seguem em ritmo lento nos EUA, o que preocupa a montadora.
Diante desse cenário, a Ford decidiu focar seus esforços nos modelos com motor a combustão, especialmente nas linhas F-150 e Super Duty, que continuam sendo as mais lucrativas da empresa. Com essa mudança, a marca pretende aumentar a produção em cerca de 50 mil unidades até 2026.
Vale destacar que a série F da Ford é líder de vendas nos Estados Unidos desde 1981, o que mostra o peso que esses modelos têm dentro da estratégia da companhia.
Impacto financeiro e prejuízo bilionário
Apesar de ter superado as expectativas financeiras no terceiro trimestre, a montadora reconhece que o incêndio pode causar um impacto adicional de até US$ 1 bilhão na rentabilidade antes dos impostos.
Enquanto isso, a divisão de veículos elétricos segue acumulando perdas. Somente no terceiro trimestre, a Ford registrou prejuízo de US$ 1,4 bilhão. No acumulado de 2025, as perdas chegam a US$ 3,6 bilhões, o equivalente a R$ 19,4 bilhões.
Por causa disso, a empresa já havia interrompido temporariamente a produção de modelos como o Mustang Mach-E e a própria F-150 Lightning, buscando reduzir custos até que a demanda se estabilize.
O desafio da transição elétrica
O CEO da marca, Jim Farley, reconheceu recentemente que a Ford precisa desenvolver elétricos mais acessíveis para se manter competitiva. Segundo ele, as marcas chinesas têm avançado rapidamente e se tornaram referência em custo-benefício.
Dessa forma, o futuro da F-150 Lightning ainda é incerto. A suspensão da produção mostra as dificuldades que a Ford enfrenta na transição para a mobilidade elétrica, processo que exige investimentos altos e resultados de longo prazo.
O incêndio na Novelis acabou sendo apenas o gatilho para uma decisão mais ampla. A Ford passa por um momento de revisão estratégica, tentando equilibrar lucro, inovação e competitividade.
Enquanto isso, o mercado observa se a montadora seguirá o mesmo caminho da GM, que manteve a Silverado elétrica apenas em versões voltadas ao trabalho.
No fim das contas, fica claro que a transição para os carros elétricos ainda será lenta e desafiadora, mesmo para gigantes como a Ford.